Estaria boa parte da população mundial vivendo em uma grande caverna, olhando para as sombras e acreditando se tratar da realidade?
O mito da caverna, metáfora criada pelo filósofo grego Platão, retrata a tentativa de explicar a condição de ignorância em que vivem os seres humanos e nos dias atuais ilustra perfeitamente as crenças que nos são impostas desde que nascemos sobre a vida, o trabalho, a alimentação, etc.
O mito da caverna, presente no livro VII da obra “A República” (aprox. 399 a.C.) é um clássico, tão antigo e atual ao mesmo tempo. O propósito de Platão foi registrar o fato de que a grande maioria das pessoas convive com uma noção completamente distorcida do mundo. Vamos ao mito:
Platão imaginou uma caverna onde as pessoas estão acorrentadas desde a infância, de tal forma que, não podendo ver a entrada dela, apenas enxergam o seu fundo, no qual são projetadas as sombras de coisas que passam às suas costas, onde há uma fogueira. Como só podem ver aquilo que é refletido na parede, veem somente as aparências das coisas projetadas como sombras, acreditando precipitada e cegamente que enxergam coisas reais. A maioria dos indivíduos que habita a caverna é desprovida de imaginação; outros são indiferentes e simplesmente aceitam a ilusória realidade sem qualquer especulação ou objeção.
Se um desses indivíduos, aquele que se libertou das correntes, conseguisse contemplar à luz do dia a verdadeira realidade, deixaria a opinião (doxa) para ter contato com a ciência (episteme) e sentiria vontade de regressar para relatar o que viu aos seus companheiros que ainda permanecem acorrentados no interior da caverna.
Ao acostumar-se com a realidade, naturalmente quem se libertou não suporta a ideia de ver alguns prisioneiros ainda presos às correntes. Como influenciar as pessoas que não veem? O retorno à caverna, portanto, era o caminho natural, mas também muito dificultoso, pois adentrar a caverna implica em ter que falar da realidade concreta, do que há fora dela, para quem somente conhece as sombras refletidas na parede.
Qual seria a resposta dos habitantes da caverna? Eles corajosamente iriam até onde esse indivíduo foi e realizariam a árdua, porém compensadora viagem para fora da escuridão em direção à luz?
De acordo com Platão, infelizmente não. Eles estariam mais propensos a matar o que se permitiu enxergar a luz, porque ele é uma ameaça ao estado das coisas já previamente estabelecido.
O mito da caverna retrata os prisioneiros (que somos nós) vivendo com noção deturpada das coisas. A caverna é o mundo ao redor, físico e sensível, onde a ignorância prevalece sobre a realidade, de forma a induzir a formação de juízos equivocados. O ofuscamento está relacionado à dificuldade de assimilar novas descobertas e a necessidade de estar aberto ao conhecimento.
O mundo do lado de fora é o real e inteligível, dotado de formas e com uma identidade inalterável. O planejamento da volta é a obrigação que o homem sente de levar o esclarecimento obtido para os semelhantes que ainda vivem na ignorância, aspirando um mundo melhor com mais sabedoria. A reação dos prisioneiros por fim reflete que na maioria das vezes o sábio não é ouvido pelos ignorantes.
O mito da caverna de Platão demonstra a predileção humana pelo que está envolto em névoa, pelo caminho que evita a mudança e o novo a todo custo, e se satisfaz com a ilusão das zonas de conforto.
Explicada a história e o que ela representa, pergunto: Em que local você está agora? Está vivendo dentro ou fora da caverna?
Traçando um paralelo entre o mito da caverna e a alimentação, fica claro que a maioria esmagadora das pessoas permanece no interior da caverna, uma vez que desde a infância fomos todos doutrinados ao consumo de “substâncias comestíveis” horrendas, cheias de ingredientes e açúcares adicionados ao invés de termos aprendido sobre e consumido comida de verdade.
Primeiramente, quão difícil é sair da caverna após anos e anos de ignorância, incompreensão e engano, tendo sido levados a crer que a base da alimentação deve ser de carboidratos como cereais, pães, massas, como consta no gráfico da “pirâmide alimentar”. Caímos em não só um, mas em todos os “golpes de marketing” possíveis, os quais lamentavelmente são chancelados por entidades governamentais! Fizeram com que acreditássemos que o corpo precisa de carboidrato para ter energia; que é preciso comer a cada 3h; que o jejum é perigoso; que bons exemplos de café da manhã são torradas, sucos de caixinha, pães com margarina, bolos com caldas açucaradas; que uma refeição pode ser substituída por um shake, etc. Conseguiram até mesmo nos ludibriar imputando a culpa da obesidade e doenças relacionadas à síndrome metabólica aos ovos e carnes!
São obviamente apenas alguns exemplos que ilustram perfeitamente todo um cenário cuidadosamente delineado para manter os indivíduos mansos e amedrontados dentro da caverna. Quiseram nos manter não só acorrentados, mas também ignorantes e doentes dentro de uma gigantesca caverna, de onde pudéssemos apenas comprar mais e mais produtos das prateleiras do supermercado, impulsionando lucros exorbitantes das empresas do setor alimentício e concomitantemente ou posteriormente as do setor farmacêutico.
Das duas uma; ou você ainda está na caverna e sugiro que saia imediatamente de lá ou já está do lado de fora, mas ainda enfrenta a enorme dificuldade que é trazer pessoas queridas, amigos e familiares para a realidade que ainda não conseguem enxergar.
Bom, se ainda estiver aprisionado e com comprovante de residência apontando para a vida em uma caverna, comece a buscar informações de qualidade e seguras, bem como profissionais que de fato estão comprometidos com a saúde e atualizados sobre a ciência da nutrição (consulte por exemplo o perfil de cada um dos colaboradores do portal), já que tantos foram corrompidos ou até mesmo também estão vivendo em cavernas, aprisionados a conceitos antigos e já superados.
Leia muito. Já dizia Platão: “A parte que ignoramos é muito maior que tudo quanto sabemos”.
Caso já tenha saído da caverna rumo ao conhecimento e liberdade que somente ele proporciona, não deixe de buscar informações e se manter atualizado sobre assuntos relacionados à saúde. Mesmo fora da caverna ainda coexistimos nas trevas, já que a todo momento tentam nos convencem de que o caminho fora dela é temerário.
Como instigar outras pessoas a soltarem suas correntes e saírem também da caverna? Que situação delicada, não? Como podem as pessoas que estão próximas a nós acederem ao verdadeiro conhecimento se não possuem consciência do próprio desconhecimento e da vivência ou experiência falaciosa?
Tenha paciência com aqueles que você deseja alertar e esteja disponível a fazê-los compreender o que até tempos atrás você também não era capaz de enxergar. O caminho mais eficaz para que saiam da caverna em direção à luz e realidade é o traçado pela busca do conhecimento e respaldado pela ciência. Compartilhe informações! Compartilhe conhecimento! Compartilhe ciência!
Lembre-se de que o mito da caverna explicita que a ignorância escraviza, limita o homem e o aprisiona e que a chave para a liberdade reside na busca incessante pelo conhecimento!
Referência:
O MITO da Caverna. 1. Edição. ed. [S. l.]: LeBooks, 2019.