Mudanças climáticas e ambientais, há cerca de 3 milhões de anos, nos levaram a uma encruzilhada. As chuvas se tornaram mais escassas, assim como as plantas de alta qualidade. As florestas tornaram-se pradarias arborizadas e mais animais pastando povoaram as savanas. Nossos ancestrais tiveram que diversificar a dieta, incluindo carnes, senão teriam que competir por um recurso limitado, as plantas.

Os australopithecus, nossos ancestrais hominídeos, preferiram ficar com as plantas e se extinguiram. Os seres humanos optaram por se aventurar, arriscar e incorporar carne na dieta. É por isso que estamos aqui!

Sabemos que o consumo de carne fez parte da história da evolução humana e os registros fósseis mostram que, quando o ser humano entrou em um novo local, a taxa de extinção de grandes mamíferos aumentou. Os primeiros humanos modernos também comiam uma dieta que consistia principalmente em mamutes, veados e rinocerontes, como fontes de proteína animal. 

A carne alimentou nosso crescimento cerebral e a capacidade craniana sem precedentes. Com essa comida densa em energia, nossas tripas se encolheram e o cérebro cresceu. Por fim, não conseguimos mais atender nossas demandas de energia sem carne.

A carne impulsionou a evolução. Produtos animais densos em energia eram a única maneira pela qual poderíamos sobreviver, atender às nossas necessidades de energia e alimentar nossos cérebros e corpos.

O que veremos agora é que todo o corpo humano evoluiu para otimizar o consumo de carnes. 

Os seres humanos desenvolveram um estômago ácido para matar bactérias patogênicas em animais em decomposição e o intestino humano encolheu, perdendo sua capacidade de fermentar alimentos vegetais em energia, transformando, assim, humanos em comedores de carnes. As nossas tripas, inclusive, refletem as dos carnívoros.

Nossos estômagos evoluíram através da seleção natural para combater os patógenos e ficaram muito ácidos. O ácido em nossos estômagos matou os agentes patogênicos que residiam nos animais apodrecidos, que serviram de alimento e também permitiu uma melhor digestão da carne.

Nós perdemos muito da nossa capacidade de fermentação (que poderia transformar fibra em gordura) que um grande ceco permite. Nós a trocamos pela capacidade de comer maiores quantidades de carne animal para alimentar um cérebro cada vez mais crescente.

A decisão evolutiva foi escolher entre um grande cérebro (carne) ou um grande intestino (plantas). Não há dúvidas de que nossos ancestrais prosperaram ao adotarem a escolha correta. 

Compartilhamos vesículas biliares semelhantes e bem desenvolvidas, comparáveis às dos lobos e leões. Nosso intestino delgado absorve gordura e proteína da carne com extrema eficiência.

Se olharmos para animais na natureza que comem apenas plantas, eles têm sistemas digestivos muito complexos. Estes animais têm sempre mais do que um estômago, alguns têm tanques de fermentação, alguns podem germinar sementes no intestino e a maioria tem grandes cólons para ajudarem a digerir a fibra.

A fibra vem das paredes das células das plantas e fornece suporte de forma e arquitetura para elas. Animais não contêm fibra, já que usam ossos e cartilagem para sustentarem os corpos. 

A fibra é sempre anunciada como algo essencial para a nossa digestão, mas será que ela é realmente tão boa para nós? Se olharmos para a natureza, os animais que comem muitas plantas e alimentos ricos em fibras sempre têm cólons muito grandes para ajudá-los a digeri-la.  As vacas até têm um tanque de fermentação que fermenta as plantas para elas. Isso não nos dá uma pista de que vegetais são mais difíceis de digerir que carne?

A fim de digerir muita fibra, é necessário um cólon maior, mas os humanos têm cólons pequenos e curtos.  

Eu não estou dizendo que todos deveriam parar de comer vegetais e seguirem uma dieta estritamente carnívora, mas certamente uma dieta à base de carnes com menos vegetais é mais adequada para o nosso intestino.

A fibra é, por definição, indigesta por seres humanos, ao passo que, proteínas e gorduras animais são digeridas com conforto e eficiência, praticamente sem gases produzidos.

Como podem esperar que comamos as plantas da mesma maneira que esses animais sem essas partes digestivas essenciais? Os humanos têm um estômago e cólon pequenos. Temos sistemas digestivos muito simples em comparação com estes animais que baseiam sua alimentação em plantas.

Temos um estômago muito ácido que é projetado para quebrar alimentos como a carne.  Nosso intestino delgado é longo, muito parecido com os dos animais carnívoros. Até mesmo nossa flora bacteriana é putrefativa, sendo que, em contrapartida, os animais que comem muitos alimentos vegetais crus têm flora bacteriana fermentativa.  

Somos constantemente informados de que a carne é difícil de digerir e apodrece em nosso intestino, mas ambas as alegações são inverdades, já que o nosso sistema digestivo digere a carne sem dificuldade. 

Outra questão é que, só porque somos da ordem dos primatas não significa que devamos comer da mesma forma que outros primatas. Eu vejo muito esse argumento: “Somos primatas e devemos comer como gorilas e macacos que estão comendo uma dieta vegetariana”.  No entanto, nossos sistemas digestivos são muito diferentes dos outros primatas.

Macacos e gorilas têm cólons muito grandes, o que lhes permite quebrar alimentos muito fibrosos e consumir uma dieta de alimentos vegetais crus. Os humanos têm um cólon muito menor. Temos um intestino delgado muito grande que nos permite digerir carne com extrema eficiência. Os macacos por sua vez, têm um intestino delgado muito mais curto e alguns têm dois estômagos.

Estômagos ácidos separam carniceiros e carnívoros dos herbívoros. O ácido filtra os maus patógenos, facilitando a digestão no intestino delgado. Os babuínos, por exemplo, que são considerados um dos nossos parentes mais próximos, têm estômagos que são cerca de 1000 vezes menos ácidos que os nossos.

Eu acho que é evidente que não somos comedores de plantas cruas.  Se quisermos consumir alimentos vegetais, precisamos imitar esses sistemas digestivos herbívoros, fermentando vegetais ou cozinhando-os. Somos projetados para consumir mais alimentos de origem animal em comparação com esses outros primatas.

Nossos órgãos e tecidos internos não são as únicas evidências de uma dieta à base de carne, mas também as adaptações de nosso corpo externo.

Os seres humanos são adaptados para a corrida de resistência. Tudo, desde o nosso sistema vestibular de equilíbrio e ligamento nucal, alinhamento dos dedos dos pés e estrutura do pé que absorve choques, escassos pelos corporais e glândulas sudoríparas refrescantes écrinas, até nossos longos membros inferiores, evidenciam um físico de caçador de persistência. 

Como não estávamos mais subindo em árvores, os músculos de nossos ombros se soltaram, e nos tornamos atiradores de pedras, depois atiradores de lança, depois atiradores de bolas em esportes, como o beisebol. Nossos pés também evoluíram para absorver o choque, e o dedão entrou em alinhamento com os outros dedos.

O ser humano tornou-se, e é agora, o único primata vivo adaptado para a corrida de resistência. Por mais que estejamos completamente fora de nosso habitat natural primitivo, nossos corpos são otimizados para correr e caçar presas com uma resistência incomparável.

É incontestável que a anatomia facial também corrobora para uma dieta à base de carnes, já que nosso uso principal de mandíbulas é com a mastigação vertical para cima e para baixo, em vez do mecanismo rotativo de herbívoros lado a lado.

Estou dizendo que somos estritamente carnívoros? Não, já que podemos digerir, de modo desafiador, certos alimentos vegetais que carnívoros obrigatórios não conseguem. No entanto, digo que isso tudo mostra que desenvolvemos recursos que nos permitem comer carne e digeri-la com extrema eficiência, de modo que podemos, até mesmo, sermos considerados como carnívoros oportunistas, ou seja, que priorizam o consumo de alimentos de origem animal em detrimento das plantas, mas que normalmente toleram o consumo de alimentos de origem vegetal. 

Estamos constantemente à procura de ciência e evidências para nos mostrar o que devemos e o que não devemos fazer, e assim perdemos o contato com a escuta de nossos próprios corpos. 

Se olharmos para a natureza, temos todas as evidências de que precisamos. Nossa própria anatomia é perfeita para digerir carne. Animais na natureza que comem principalmente alimentos vegetais têm sistemas digestivos muito complicados para quebrar esses alimentos, enquanto nós temos um sistema digestivo mais simples.

Na natureza, herbívoros pastam e moem comida o dia todo, porém os humanos são mais parecidos com carnívoros. Hoje estamos fora do nosso habitat ancestral, mas na natureza, nós caçamos presas, comemos, descansamos e repetimos esse processo. 

Dizem-nos constantemente para comer mais vegetais e diminuir a quantidade de consumo de carne.  No entanto, se olharmos com atenção para a natureza, os animais que consomem muitas plantas têm anatomias completamente diferentes da nossa.

As plantas também contêm antinutrientes. Os animais projetados para consumirem muitas plantas têm segundos estômagos ou tanques de fermentação, que quebram o conteúdo de antinutrientes.  Nós não temos isso e, portanto, comer vegetais crus ou vegetais demais pode prejudicar nossas entranhas.  

Ao longo da evolução humana, nos tornamos cada vez mais equipados para comer carne e cada vez menos preparados para comer plantas.

É claro que podemos comer plantas e que não perdemos completamente essa capacidade da nossa história evolutiva, mas também está claro que nos tornamos mal equipados para comer plantas, algumas mais do que outras. 

A fibra alimentar é uma excelente evidência de como nós divergimos de nossos ancestrais herbívoros, bem como quão mal usamos antioxidantes exógenos. Então, só porque podemos comer plantas não significa necessariamente que deveríamos.

A carne infelizmente ainda tem uma má reputação. A maioria das pessoas pensa em carne, especialmente carne vermelha, como perigosamente insalubre. No entanto, a carne tem propriedades únicas que a tornam mais nutritiva, mais fácil de digerir e menos propensa a irritar nossos corpos do que vegetais.

A carne é eficientemente quebrada por nossas próprias enzimas naturais, portanto não precisamos depender de bactérias intestinais para nos ajudar a digeri-la. Isso significa que virtualmente não há gases intestinais produzidos no processo. 

A carne é eficientemente absorvida pelos nossos intestinos, logo há pouquíssimo desperdício. A crença de que a carne contribui para a constipação é um grande mito. A carne pode, ainda assim, tornar-se “aprisionada” em seu trato digestivo, por trás de alimentos vegetais e fibrosos, pois estes, de fato, são muito difíceis de digerir.

Alimentos de origem animal (especialmente quando as carnes de órgãos são incluídas) contêm toda a proteína, gordura, vitaminas e minerais das quais os seres humanos precisam para funcionar. Eles contêm absolutamente tudo o que precisamos nas proporções corretas.

Nosso passado evolutivo e a natureza nos dão pistas sobre o que devemos comer. E quanto mais se pesquisa, mais se descobre: a anatomia humana é projetada para comer carnes como base preponderante das nossas dietas. 

Referências:

https://barefootrunning.fas.harvard.edu/Nature2004_EnduranceRunningandtheEvolutionofHomo.pdf

https://www.researchgate.net/publication/327060581_The_contribution_of_running_behavior_to_brain_growth_and_cognition_in_primates

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4939291/

https://www.sciencedaily.com/releases/2004/11/041123163757.htm

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3494886/

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11694627

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3494886/

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27298470

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19732937

https://www.pnas.org/content/109/Supplement_1/10661

https://www.pnas.org/content/109/Supplement_1/10661


No items found.
No items found.